Te amo tanto, e é esse tanto que atrapalha.
Não me basta te ter um dia a cada quinze. Eu preciso me saber sentido, me saber saudoso, me saber querido. Eu preciso.
A distância inquieta e a saudade que nasce no espaço criado quando sua pele se desgruda da minha se expande dentro dela mesma. Eu preciso saber os segundos que faltam para que a minha boca prove o gosto do teu sal.
Não me basta tua presença esporádica, preciso que você bata ponto nos meus sonhos, preciso de você em meus emails, preciso do teu cheiro na minha cama, preciso da tua camiseta suja que me serve de floral pra apaziguar a falta que meu corpo tem do teu.
Não me basta apenas você para matar a saudade de você. Eu preciso dos teus planos, comigo incluso. Dos teus hábitos, comigo construídos. Eu preciso do teu fôlego, o ar carbônico que sai do teu pulmão e invade minhas narinas. Eu preciso de você mais que inteiro, preciso de você do tamanho da minha fantasia, maior que meu delírio, eu preciso de você assim como é e assim como imagino e nenhum dos dois. Eu preciso de você interseccionado, fragmentado, eu preciso carregar você na minha carteira, eu preciso, e com urgência, dos teus restos de comida, da tua louça suja, das tuas meias fedidas, eu preciso de você me amando, me odiando, me retribuindo os gestos e me servindo café na cama. Eu preciso do teu temperamento genioso e da tua simplicidade que ainda não me foi apresentada.
Eu preciso de tudo isso e muito mais. Eu preciso é me dar por satisfeito, preciso meter razão onde só reina fantasia, preciso fincar raízes numa nuvem e é tarefa árdua essa de impor a mim mesmo uma vontade que já nasceu em mim derrotada.
Eu preciso compreender para em seguida aceitar e não apenas redesenhar o relevo que sua agitação provoca no meu cotidiano. Eu preciso apreciar tuas erupções sem me importar com a pele queimando em brasa, eu preciso reiniciar cada vez que você travar, eu preciso gesticular menos, diminuir minha presença na sua presença, preciso retroceder - se é que é cabível voltar atrás em algo que só vai pra trás mesmo. Eu preciso reinventar-me sem ser uma fraude, preciso de 10 kg de maturidade, preciso fazer dos meus olhos o meu corpo e saciar-me o desejo apenas com minhas pupilas, deixar o toque para o inconsiente que me retira de órbita às vésperas dos nossos encontros.
Eu preciso antever a rota e deixar colidir, e de joelhos, juntar os cacos que sobrar dessa trombada. E então, saber esperar pela próxima colisão.
domingo, 10 de outubro de 2010
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