sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Aqui

Mesmo contrariando minha sensatez te permitir entrar, e voce sem o menor constrangimento se apossou da varanda e do melhor quarto. Quem passava pela frente logo via que havia vida novamente naquele espaço que outrora abrigava nada. As paredes se impregnaram da sua presença de uma forma que a sua sombra moldou-se e hoje faz parte da decoração. Então você não deu-se por satisfeito - ou cresceu sem pedir muito, igual uma planta que só pede luz e água - e invadiu mais um cômodo, e em seguida outro e em seguida outro...

O corredor, que antes era decorado por quadros meus, perdeu o charme rústico e logo se irradiou pelo brilho azul que vem da tua face. Saí eu e me instalei nos fundos, onde pensei que estaria livre da sua estalagem.

Mas não! Logo senti os primeiros sinais de que em breve deveria buscar outro lugar pois ali não caberia duas pessoas, e sem você pedir saiu eu, lhe deixando livre para reinar no que um dia cultivei a mim mesmo e chamei de lar.

Mas agora, passado tanto tempo, retorno e não vejo mais o brilho azul, a sombra na parede nem a vida que se irradia. Vejo você ali, caminhando entre os cômodos e finalmente percebi que o que dera toda aquele charme era a intersecção resultante de mim e de você, e finalmente entendi que deveria voltar e me harmonizar novamente a sua presença. Mas ainda não sei se peço licença para ocupar um coração que antes era meu ou se chego invadindo, igual fizeste comigo.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Inside

...e desconfiei do pão é café oferecido. Enquanto mastigava, inconsientemene ordenava à lingua que vasculhasse o pão à procura de algum gosto estranho. E da gentileza desconfiei, e por desconfiar sem razão, vi que minha natureza é má.

Sou má, Francisco. Eu transito pelo bem por ventura, mas minha essência é má.