domingo, 13 de setembro de 2009

Caixa Postal

Sem viadagem e sem rodeio: eu te amo, cara. E não me olha torto porque essa parada ainda é nova pra mim que tu tá sabendo. Sei que voce tá pensando "e a tua mulher e os teus filhos? que que tua família vai pensar?" e eu já te adianto: foda-se. Foda-se o que o vizinho vai falar, ele que vá a merda junto com todos que vierem soltar piadinhas. Mas a moral é éssa: te amo e não quero que você vá embora.
Pô, cara. Eu não ia ratear de entrar nessa sabendo que você quer cair fora, mas eu sei que você quer ficar e sei também que essa situação te incomoda e é ela que está te fazendo ir. Me dá dois dias, só o tempo de eu ir pra casa e falar pra minha mulher, explicar pra ela que não eras mais manter esse casamento e então tu vem morar comigo.
De boa, sem sacanagem. Sei que ela vai pirar, nem passa pela cabeça dela - duas semanas atrás nem passava pela minha também - mas não tô mais afim, perdeu a graça ficar inventando desculpinha pra não ir pra casa. Ela já está grilada achando que to comendo alguma estagiária ou coisa parecida, sei lá, cabeça de mulher só pensa o que não deve. O baque vai ser dizer que to saindo pra morar com outro cara. Pra morar contigo, meo !
As crianças ainda estão pequenas, não tem porque dar muito detalhe. Vou continuar sendo o paizão delas, nada muda nessa parte e desculpa tá falando essas merda tu não sabe como tá minha cabeça então releva os detalhes, cancela a passagem e encara essa comigo que sei que não vamos nos arrepender. Tô naquele hotel que a gente se vê sempre, me liga assim que escutar essa mensagem.

Régis

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Catherine

Passo meu legado a este jardim pois é nele que mais me reconheço. Catherine, apesar de só ter oito anos, já demonstrou ser referência a Maurice e não a mim. Ela é firme, porém doce, caracterizada por uma infinidade de contrastes e imprevistos que se destoam completamente da minha forma previsível. Ela se aproxima cada vez mais de Maurice nos traços e no comportamento, o que atribuo ao acaso e não a falta de receptividade. O que nos une é o amor mútuo, este que supera essa nossa carência de semelhanças.
Eu a amo e as provas desse amor são complexas demais para que ela as absorva, e a maneira que ela retribui está a anos-luz do meu entendimento. Catherine é o mistério que entrego ao mundo para ser revelado e estas cartas deixo a ela para que um dia eu me revele.

Cecília