segunda-feira, 6 de julho de 2009

Origens

Apesar de todo o esforço realizado, de toda a cortesia e educação que tive desde o momento que fui gentilmente recebido no aeroporto, nada ameniza a agonia de esperar o desfecho.
Tudo girava em torno de minha presença e toda aquela atenção me sufocava, pois sabia que a qualquer momento seria dissecado, e o passado que sempre esteve comigo seria exposto como uma aberração circense.
Tentei reaver a paz de espirito e prossegui com a encenação mas logo após ter o prato servido pela empregada, interrompi a anfitriã que assoprava o que seria sua primeira colherada.

- O que voce quer de mim? falei num tom mais alto do que gostaria, quebrando o silencio que unia meu corpo ao dela. Como um reflexo involuntário, ela suavemente colocou a colher de volta ao prato e me fitou diretamente. Foi entao que notei que seus olhos eram verdes. Verdes e frios.

- Eu que pergunto, Francisco. O que voce quer? Antes de aceitar a minha proposta, você ja tinha em mãos tudo que precisava para entrar com uma ação judicial e qualquer juíz com meio cérebro daria a causa ganha. Mas respondendo a sua pergunta, eu quero, através de voce, entender quem foi de fato a minha mãe.

- Está certo. Respondi e ao ouvi-la, notei alívio em sua resposta. Talvez ela ansiava por minha interrupção e pela minha objetividade.

- Mas antes, quero gravar toda a conversa. Voce se importa?

Antes que eu respondesse, ela já havia tirado dois minigravadores da bolsa e os posicionou no centro da mesa e antecipando a pergunta que faria, respondeu:

- Uma via fica comigo e a outra pra voce. Decidi gravar pois não quero que nenhum detalhe me escape.

CONTINUA

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