quinta-feira, 16 de julho de 2009

Ninho vazio

Não, não há nada da minha história naquele bebê. Ele nasceu nu e branco, exatamente as referências que me ligam a ele. Ou melhor, que não me ligam a coisa alguma.
Não sinto ódio nem nada. Por Deus, Francisco ! Eu não odeio aquele bebê, apenas não me reconheço nele.
Ele é um estranho que saiu de dentro de mim, só isso. E essa cobrança de um amor que não oferto me faz rejeitá-lo, deixando-o chorar noite adentro por vergonha que sinto em dar-lhe o peito.
Descobri tarde demais que não possuo instinto materno e não desejo nada dependente a mim. Não sinto votnade de vê-lo crescer, nem fico procurando semelhanças suas ou minhas no rosto dele.
Apesar de eu estar do lado do berço, ele nasceu órfão de pai e mãe e esse choro icessante talvez não seja apenas fome mas também a forma que ele encontrou para manifestar o seu luto.

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