Ultimamente adquiri o hobby de investigar o caroço das palavras e tem uma que ando pensando muito desde aquela nossa desastrosa tentativa de civilidade.
“Ex”. Ex é que nem filho, vai pra vida toda, é um desgarrar-se sem largar, é uma contradição dentro dela mesma. Ora, é só um prefixo usado para cessamento de etapas anteriores. Agora digo, desde quando ex é etapa encerrada? Você não é um canal que, não me agradando mais a programação, eu troco, desligo, sei lá, me distraio no meio da sala enquanto teu silêncio fica ali, pairando sobre mim.
Ex é pra sempre. É um mancar que não incomoda, já está ali, agindo simultaneamente com nosso sistema locomotor.
Ex é uma delícia. Você é e olha que te odeio! Mas sinto até um tesão nojento quando cruzo contigo, vontade de gritar, jogar sal na tua ferida. Um “ex”tase. Me desprendo do meu raciocínio, você é uma ponte que liga um desejo antigo a uma realidade impossível. Você, assim como qualquer ex, é uma nuvem em dia de sol, mas que no fundo, é bom, porque dá sombra. Descansa a pele, traz um frescor sorrateiro, um frio de morrer mas que sabemos que não dará nem gripe.
Duvido que não seja assim com qualquer um. Comportamento de ex é padrão, é rasgo, é uma extração bem-vinda de uma interessecção, sempre carregamos algo de ex conosco, nem que seja um passado. E passados são mais valiosos que presente, é o que nos torna, é a comparação, a bússola que aponta nossos desvarios e você magnetizou minha agulha, e ela sempre apontará pro teu norte.
E você? Garanto que gasta toda meia hora seguinte a esses esbarros pensando em mim. Você perde dez segundos reparando no meu cabelo e nos meus peitos, deixando todo o restante a pensar se esse nojo doentio é simultaneo. Eu sinto teu cheiro, acho que meu cheiro é igual ao seu, porque me inebrio nele, é um afrodisíaco de curta duração, o tempo suficiente de te ver virar a esquina e saber que não há passado que fará passar essa sensação indesejada mas sempre bem vinda de te trazer a minha vida.
quinta-feira, 10 de março de 2011
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