Já perceberam que todo mundo trata o amor como se ele fosse de uma delicadeza absurda? Não há um poeta, filósofo, vendedor de livro de auto-ajuda que não mencione que o amor é um sentimento frágil que necessita do amparo de uma gama de sentimentos para sobreviver. Quer saber? Temos mais é que mandar o amor tomar no cu dele.
Temos que parar com a palhaçada de afirmar que o amor é uma plantinha que tem que ser regada diariamente. O amor não é porra nenhuma de plantinha. O amor é uma árvore sequóia, é uma muralha, o amor não é essa coisinha mole e sem sistema imunológico que julgamos que ele é.
Temos que enfiar essa idéia na cabeça para não termos medo de enxotá-lo quando ele não estiver agradando. O mundo está cheio de pessoas que vão protelando essa despedida por acreditarem piamente que o amor é um cristal de vidro e que devemos preservá-lo. Na boa, o amor não é frouxo, não é vidro, não é uma combinação rara entre duas pessoas.
O amor é uma jamanta que te atropela a 200 km por hora. E se você sobreviver ao atropelamento, ele também sobreviverá a um belo chute nos fundilhos. Sim, fundilhos, porque o amor é varão, “O” amor, assim, com artigo masculino, coisa de macho, com culhões. Então, mande o amor pastar quando for necessário. Ele não vai magoar, não vai guardar rancor, ele vai é ir atrás de outro corpo que valha a pena porque é assim que o amor e os homens agem.
O amor não dramatiza nada, nós é que dramatizamos por ele. Tanto que pra cada descornado que surge há dois casais novos se formando. É o amor que não perdoa e manda ver em quem passar, o amor é oportuno, vai só esperar alguém baixar a guarda e CRÉU ! E nós, que ficamos em casa chorando as pitangas, achamos que ele que é o fraco da história.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Perdão você
Em uma noite de outubro de 1692, em Salém, um povoado de Massachussets, deu-se início ao processo de caça às bruxas, que durante um ano, condenou e matou 20 pessoas, a maioria mulheres, fora 150 pessoas que ficaram a mercê do julgamento, este, que foi interrompido após o juiz Samuel Sewall declarar que havia ido longe demais nas condenações.
Uma vez acusado de bruxaria, o réu passava pelo teste que, inocente ou culpado, o levaria a morte: amarrava-se as duas mãos nas costas e o mergulhava em um lago, isso presenciado pelos familiares e toda sociedade.
Se ele sobrevivesse, seria considerado bruxo, e então, queimado em praça pública. Se morresse, teria sua reputação intacta e à família, devolvida a honra.
Agora finalmente entendi a coerência do processo.
Costumamos matar um amor para descobrirmos que ele é um amor, e sob o corpo do amor morto, damos a devida credibilidade necessária. Durante o julgamento, nada nos abala. Ali, nosso amor de mãos atadas, olhando seu reflexo na água, premeditando o fim ali encurtado e nós, parados, incrédulos, com o julgamento em curso, esperamos pela resposta.
E então a resposta vem. E é tarde demais.
Sem o amor para nos dar importância, damos ao morto o valor que não damos em vida. Esmiuçamos cada manifestação de carinho que ainda sangra na lembrança, choramos por dentro a falta dele, até da ausência consentida, e quando o corpo entorna-se de lágrimas, elas saem, respingando no cadáver frio.
E ele não se mexe. Não há Deus que o faça renascer. Não há lembrança que apazigúe nossa alma de carrasco, não há perdão para nosso ato. A culpa é nossa, não há circustãncia que amenize, só agravantes.
E então damos conta que éramos felizes. E no mesmo segundo, percebemos que não o somos mais.
Então vem o segundo processo: o sepultamento. Devemos, primeiramente, saber que não há volta e que se agarrar ao corpo de nada trará o que foi vivido, não há prolongação depois que nosso amor deu o último suspiro. Não há arrependimento nem declaração que o fará se levantar e nos abraçar.
O amor se foi. E nós ficamos.
O luto é necessário. É o período em que devemos destinar nosso amadurecimento, cobrir a alma de preto, fechar as janelas num domingo de sol, devemos voltar ao nosso bunker e nos soterrar na dor.
Até que nos perdoamos. E prometemos nunca mais repetir tal imaturidade. E só então, mais seguro de si e consciente de que não há amor que perdure em meio a tantas dúvidas, saber que a vida segue e o coração voltará a bater novamente.
E o amor, que julgamos que nunca mais sentiremos, volta, por que o amor é um sentimento oportuno, espera a assepssia do nosso coração para voltar. E ele não tem pressa.
Nós é que temos.
Uma vez acusado de bruxaria, o réu passava pelo teste que, inocente ou culpado, o levaria a morte: amarrava-se as duas mãos nas costas e o mergulhava em um lago, isso presenciado pelos familiares e toda sociedade.
Se ele sobrevivesse, seria considerado bruxo, e então, queimado em praça pública. Se morresse, teria sua reputação intacta e à família, devolvida a honra.
Agora finalmente entendi a coerência do processo.
Costumamos matar um amor para descobrirmos que ele é um amor, e sob o corpo do amor morto, damos a devida credibilidade necessária. Durante o julgamento, nada nos abala. Ali, nosso amor de mãos atadas, olhando seu reflexo na água, premeditando o fim ali encurtado e nós, parados, incrédulos, com o julgamento em curso, esperamos pela resposta.
E então a resposta vem. E é tarde demais.
Sem o amor para nos dar importância, damos ao morto o valor que não damos em vida. Esmiuçamos cada manifestação de carinho que ainda sangra na lembrança, choramos por dentro a falta dele, até da ausência consentida, e quando o corpo entorna-se de lágrimas, elas saem, respingando no cadáver frio.
E ele não se mexe. Não há Deus que o faça renascer. Não há lembrança que apazigúe nossa alma de carrasco, não há perdão para nosso ato. A culpa é nossa, não há circustãncia que amenize, só agravantes.
E então damos conta que éramos felizes. E no mesmo segundo, percebemos que não o somos mais.
Então vem o segundo processo: o sepultamento. Devemos, primeiramente, saber que não há volta e que se agarrar ao corpo de nada trará o que foi vivido, não há prolongação depois que nosso amor deu o último suspiro. Não há arrependimento nem declaração que o fará se levantar e nos abraçar.
O amor se foi. E nós ficamos.
O luto é necessário. É o período em que devemos destinar nosso amadurecimento, cobrir a alma de preto, fechar as janelas num domingo de sol, devemos voltar ao nosso bunker e nos soterrar na dor.
Até que nos perdoamos. E prometemos nunca mais repetir tal imaturidade. E só então, mais seguro de si e consciente de que não há amor que perdure em meio a tantas dúvidas, saber que a vida segue e o coração voltará a bater novamente.
E o amor, que julgamos que nunca mais sentiremos, volta, por que o amor é um sentimento oportuno, espera a assepssia do nosso coração para voltar. E ele não tem pressa.
Nós é que temos.
domingo, 10 de outubro de 2010
Segue
Te amo tanto, e é esse tanto que atrapalha.
Não me basta te ter um dia a cada quinze. Eu preciso me saber sentido, me saber saudoso, me saber querido. Eu preciso.
A distância inquieta e a saudade que nasce no espaço criado quando sua pele se desgruda da minha se expande dentro dela mesma. Eu preciso saber os segundos que faltam para que a minha boca prove o gosto do teu sal.
Não me basta tua presença esporádica, preciso que você bata ponto nos meus sonhos, preciso de você em meus emails, preciso do teu cheiro na minha cama, preciso da tua camiseta suja que me serve de floral pra apaziguar a falta que meu corpo tem do teu.
Não me basta apenas você para matar a saudade de você. Eu preciso dos teus planos, comigo incluso. Dos teus hábitos, comigo construídos. Eu preciso do teu fôlego, o ar carbônico que sai do teu pulmão e invade minhas narinas. Eu preciso de você mais que inteiro, preciso de você do tamanho da minha fantasia, maior que meu delírio, eu preciso de você assim como é e assim como imagino e nenhum dos dois. Eu preciso de você interseccionado, fragmentado, eu preciso carregar você na minha carteira, eu preciso, e com urgência, dos teus restos de comida, da tua louça suja, das tuas meias fedidas, eu preciso de você me amando, me odiando, me retribuindo os gestos e me servindo café na cama. Eu preciso do teu temperamento genioso e da tua simplicidade que ainda não me foi apresentada.
Eu preciso de tudo isso e muito mais. Eu preciso é me dar por satisfeito, preciso meter razão onde só reina fantasia, preciso fincar raízes numa nuvem e é tarefa árdua essa de impor a mim mesmo uma vontade que já nasceu em mim derrotada.
Eu preciso compreender para em seguida aceitar e não apenas redesenhar o relevo que sua agitação provoca no meu cotidiano. Eu preciso apreciar tuas erupções sem me importar com a pele queimando em brasa, eu preciso reiniciar cada vez que você travar, eu preciso gesticular menos, diminuir minha presença na sua presença, preciso retroceder - se é que é cabível voltar atrás em algo que só vai pra trás mesmo. Eu preciso reinventar-me sem ser uma fraude, preciso de 10 kg de maturidade, preciso fazer dos meus olhos o meu corpo e saciar-me o desejo apenas com minhas pupilas, deixar o toque para o inconsiente que me retira de órbita às vésperas dos nossos encontros.
Eu preciso antever a rota e deixar colidir, e de joelhos, juntar os cacos que sobrar dessa trombada. E então, saber esperar pela próxima colisão.
Não me basta te ter um dia a cada quinze. Eu preciso me saber sentido, me saber saudoso, me saber querido. Eu preciso.
A distância inquieta e a saudade que nasce no espaço criado quando sua pele se desgruda da minha se expande dentro dela mesma. Eu preciso saber os segundos que faltam para que a minha boca prove o gosto do teu sal.
Não me basta tua presença esporádica, preciso que você bata ponto nos meus sonhos, preciso de você em meus emails, preciso do teu cheiro na minha cama, preciso da tua camiseta suja que me serve de floral pra apaziguar a falta que meu corpo tem do teu.
Não me basta apenas você para matar a saudade de você. Eu preciso dos teus planos, comigo incluso. Dos teus hábitos, comigo construídos. Eu preciso do teu fôlego, o ar carbônico que sai do teu pulmão e invade minhas narinas. Eu preciso de você mais que inteiro, preciso de você do tamanho da minha fantasia, maior que meu delírio, eu preciso de você assim como é e assim como imagino e nenhum dos dois. Eu preciso de você interseccionado, fragmentado, eu preciso carregar você na minha carteira, eu preciso, e com urgência, dos teus restos de comida, da tua louça suja, das tuas meias fedidas, eu preciso de você me amando, me odiando, me retribuindo os gestos e me servindo café na cama. Eu preciso do teu temperamento genioso e da tua simplicidade que ainda não me foi apresentada.
Eu preciso de tudo isso e muito mais. Eu preciso é me dar por satisfeito, preciso meter razão onde só reina fantasia, preciso fincar raízes numa nuvem e é tarefa árdua essa de impor a mim mesmo uma vontade que já nasceu em mim derrotada.
Eu preciso compreender para em seguida aceitar e não apenas redesenhar o relevo que sua agitação provoca no meu cotidiano. Eu preciso apreciar tuas erupções sem me importar com a pele queimando em brasa, eu preciso reiniciar cada vez que você travar, eu preciso gesticular menos, diminuir minha presença na sua presença, preciso retroceder - se é que é cabível voltar atrás em algo que só vai pra trás mesmo. Eu preciso reinventar-me sem ser uma fraude, preciso de 10 kg de maturidade, preciso fazer dos meus olhos o meu corpo e saciar-me o desejo apenas com minhas pupilas, deixar o toque para o inconsiente que me retira de órbita às vésperas dos nossos encontros.
Eu preciso antever a rota e deixar colidir, e de joelhos, juntar os cacos que sobrar dessa trombada. E então, saber esperar pela próxima colisão.
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