quinta-feira, 7 de maio de 2009

Trecho do livro que talvez eu jamais publique

Eu já previa que isso iria me acontecer pois tenho o costume de deixar tudo pra última hora. Trabalhos, compromissos, amores...Vendo uma imagem de dedicação quando na verdade usufruo do meu melhor quando a vida me sacode pelo colarinho.
Por mais que eu seja participativo e quando me interessa um aluno brilhante, sei que o resultado disso é condicionado a minha sensibilidade de notar essa força desconhecida que me atropela nos minutos finais do segundo tempo.
Então esperei por um câncer, um tumor ou alguma incapacidade gênica para começar aquilo que mesmo não reconhecendo o rosto, já sabia em mim existente. Apenas não esperava que fosse assim e como toda revolução pessoal, não esperava que fosse tão cedo.
Não sei ao certo se é este livro ou a viagem que farei em breve o desfecho que esperei de mim mesmo, acredito que este seja, junto com o que me ocorre, o marco zero que me proporcionará energia para mergulhar naquilo que ainda não sei direito e devido as circustâncias não terei tempo de verificar se esse mar dá pé.
Que eu tenha fôlego para tanto pois não sei nadar em mim, apenas me admiro ao longe pois me reconheço infinito e quando me aventuro na minha margem já sinto o repuxo. Só molho as canelas e então me afasto e não progrido. Tenho medo de morrer em mim mesmo, pois sei que não absorvo aquilo que de tão intenso, se desgarrou e virou uma poça, adquiriu o título de lago, se expandindo e adquirindo nascentes que se desprenderam do meu corpo, onde obteve um salto exponencial, desenhou o relevo, adquiriu um ecossistema próprio e agora me rodeia e me isola. Me virei mar, virei cardume, recifes, abriga aquilo que em mim se viu impossível e não revela por si só apenas com admiração.
Nunca me vi tão belo e tão desconhecido, já não sei oque eu sou mas sei que posso me surpreender a qualquer momento.
Não sei quantas vezes mordi meu próprio rabo em análises do que fiz desde meu nascimento até agora. Como não sou adepto de religião não joguei nela a busca por significado a minha existencia mas agora isso me vem claramente. Meu sentido de vida é me entender, me dar paz e o tempo está passando, e como sempre soube, esperei pelo último momento para me dar conta disso.

Luís

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