Bom dia!
Volto a te remeter as cartas pois em mim os olhos estão arejados. Voltei-os a janela, estes mesmos que estavam pueris em tempos ímpetos, numa introspectiva insonssa, maculados por um futuro que não veio, agora retornam sob uma ótica que já julgava inexistente.
Te volto a escrever porque hoje em mim faz verão, um pequeno sol nasceu, fissão de duas bocas que se encontraram simetricamente, evento raro de se observar a olho nu. Preciso que voce entenda: esse amor me recolocou nos eixos.
Não vim agradecer pelo que hoje me é presente - presente, nao haveria palavra mais adequada. Vim comunicar que se há lição a ser observada, vou perceber mais tarde. Vou me queimar inteiro nessa brasa, coração incluído, consiência incluída. Daqui pra dentro tudo que tenho te pertence, voce ganhou minhas chaves e meu acesso íntimo, então peço, fique mais um pouco, está frio lá fora e aqui a sua mão encostada a minha me revela segurança. Se afasto um centímetro da sua pele, o vão ali criado se enche de saudade, então venha, desacelere a pressa, fique mais um pouco.
Mais
ou pouco.
Mas fique.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
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